Eu já tinha contado um pouquinho sobre Lille por aqui, uma cidade super simpática do norte da França. No entanto, nunca fui imaginar que retornaria tão cedo já que ainda tenho tantos outros destinos a desbravar. A ocasião veio por uma viagem de uma amiga pela região e pela super Braderie acontecendo no mesmo final de semana, sem contar a covoiturage de 15 euros! Impossível resistir.
Mas o que é essa tal de braderie? Se eu explicar assim só com letrinhas, não fica tão divertido, quer ver? A braderie é um grande, graaaaannnnde mercado à céu aberto onde todo mundo vende todas as suas quinquilharias por preços módicos. É um fim de semana inteiro, especificamente o primeiro fds de setembro, de compra/venda e barganha e a noite de sábado vira uma balada no meio da rua, como uma pequena fête de la musique. Eu escolhi a parte da cidade que dançava salsa ;)
Bom, divertido mesmo é ver como tudo se passou em fotos:
Você pode mesmo encontrar de TUDO nas barraquinhas mal arrumadas. O importante é pechinchar.
IEEEEEEEW.... meu anfitrião achou graça na pobre raposa... =(
Esta aí de cima foi a causadora de minha viagem decidida em 5 minutos. E quer saber? Não tem coisa mais legal que viajar assim! Super aventura.
Antigamente, na braderie, o costume era dos restaurantes juntarem as conchinhas dos mexilhões em pilhas na frente do estabelecimento. Aquele que tinha o maior número de pilhas com grande altura era considerado o que tinha as melhores moules frites da cidade. Decepcionantemente, elas não existem mais. =((
Bailamos salsa ensemble! =D
Viu como a rua estava lotada? Nesse final de semana do ano, Lille é o point francês.
Acabei encontrando um cara para partilhar a minha vida francesa. Olha que gato! Ele fica na minha mesinha e está me olhando neste momento que escrevo o post. Não pude dizer não a um moço de uniforme! hahahah ;)
Enfim, obrigada à Amanda pela super ideia de ir à Lille nesses fds especial et merci à Mathieu et famille pour le guide touristique, l'amitié et amusement! =D
Pra quem não entendeu a referência Cultura, anos 90 (Lucas Silva e Silva no Mundo da Lua): dommage, mas veja aqui. Começarei agora mais uma série, além da #vida cotidiana, que você já conhece muito bem. Essa será mais estilo confissões de adolescente, mas também sem uma frequência definida.
Os franceses e sua eterna culpa
Eu ainda não entendi direito qual é a relação dos franceses com o "pardon" que eles pronunciam toda hora. Já dei uma pseudo explanação aqui sobre como utilizá-la magicamente, mas muitas de suas facetas continuam obscuras para a minha simples cabecinha tupiniquim. Explico:
-> Uma vez estava andando e conversando lado a lado com um francês. O dia estava chuvoso e ele segurava um nada pequeno guarda-chuva. Bla bla blá e bla bla blá, o trambolho cai sem-querer e ele rapidamente o pega do chão e solta um "pardon!", com ar acanhado. Achei a situação estranhíssima na hora. Ou o cara era tímido pakas (é, gíria old school para combinar com a temática) -- o que não parecia, ou ele realmente se achou culpado de ter derrubado o negócio (?). É claro que disfarcei minha surpresa, mas ficou na minha memória.
-> Outro fato: Um dia um número desconhecido liga no meu celular. Eu atendo, falo "alô" várias vezes e do outro lado, uma voz ainda mais desconhecida fala "alô" mais vezes que eu. A situação se repete mais 3 vezes do mesmo jeito* e pára. Beleza. No fim da tarde, o mesmo número chama e eu penso "Ah, não.. mas de novo e digo alô com aquela voz". Do outro lado, alguém me diz que tinha me ligado anteriormente, mas a ligação estava ruim, mas que ele tinha percebido o engano e queria pedir "pardon" por me incomodar. Pasma, alguns segundos depois do choque eu digo "ahn.. euhh tudo bem, pas de soucis (sem problemas)!". Uau, que pessoa educada. O.o
*Porque se fosse no Brasil, seria mais ou menos assim: na primeira vez a pessoa que liga percebe que é engano, se desculpa e desliga. Mesmo assim ela acha que confundiu os números e digita novamente e vagarosamente até se dar conta que está chamando o número errado de novo. Aí ela já não diz nada. Você atende e finge que não sabe que é a mesma pessoa e diz uns "alôs" pela felicidade geral dos enganados.
-> O mais recente: Estava andando na calçada com minha menininha e passamos ao lado de uma mãe com crianças. Um dos meninos corre, tropeça e cai estatelado bem na minha frente. Depois de alguns segundos de dúvida sobre "como proceder comandante?", ajudo o menino que continuou estatelado a se levantar. Ainda para ser mais amigável, soltei um "Up là (bem francês), ça va?". A mãe se virou e, eu certa que ouviria um "merci", recebi um "pardon". Como é? Desculpe por meu filho ter caído na sua frente, moça. =O Sérieux?
Sei que o povo europeu faz muito mais questão da politesse que a gente do país tropical. Sei também que é complicado julgar um outro costume/cultura, mas não poderia deixar de comentar essa estranha experiência.
Que bom que a Bélgica é pertinho da França e dá para fazer uma visita rápida num fim de semana, fugindo de Paris (se bem que eu nunca tenho vontade de fugir da cidade luz). Se der, vá num pequeno grupo para curtir a noite por lá, mas tome cuidado com as taxas alcoólicas!
Bruxelas é bem charmosa, famosa por suas moules et frites (mexilhões com batatas fritas), suas batatas fritas (fritas 2 vezes em óleos de temperaturas diferentes o que dá um efeito fulminante: nham!) e suas Ns cervejas diferentes (tipo de chocolate, cassis, morango et n'importe quoi dedans).
Turisticamente falando, a cidade é uma graça e dá para andar por tudo à pé. Chega a ser engraçado ver uma placa indicando o caminho para um ponto turístico e 10 passos depois você chegar. O que ver por lá, anote:
Tem que visitar porque é o cartão postal da cidade. Tem sempre um monte de gente se aglomerando para ver essa fonte, mas na verdade ela demanda só 5 minutinhos de contemplação, no máximo.
Do lado da estátua do moleque tem N gauffrerias com preços discutíveis, mas com um cheiro tão inebriante que você nem vai conseguir argumentar muito. Coma. De toda forma, vale mais a pena comprar um pacotinho deles (de preferência com cobertura de chocolate... ai saudade!) em alguma lojinha, que são bem mais saborosos.
c) Chocolates belgas...
Não dá para explicar o prazer de um chocolate belga. Dá só para dizer que infelizmente é preciso ter bolso para eles. =/
Você os encontra logo depois dos gauffres, na mesma rua, que acabei apelidando carinhosamente de "Rua da sobremesa" =d
d) Grand Place
Invariavelmente você passará por ela e é o segundo cartão postal da cidade. Lá é onde tudo acontece durante o dia e onde vc paga mais caro também. No final de semana que escolhi ir, tive muita sorte de ter um festival de Jazz gratuito, que balançou a cidade (que todo mundo chama de boring mas que para mim foi a maior fête! ;D)
e) Turismo Geral...
Você vai achar bastante coisa interessante para tirar foto e recordar (como o Parc Cinquentenaire, Basílica Nacional de Koekelberg, Atomium e muito mais) =)
f) Coma Moules Frites, mas longe de restaurantes turísticos.
Se bem que as melhores que comi foram mesmo em Lille.
g) Museu de quadrinhos/banda desenhada. Ir você tem!
Imperdível, mas eu perdi. Estava fechado porque era feriado =( Mas todo mundo que foi me disse que vale MUITO. Snif.
h) A noite é uma criança, mas você não! Ainda bem. =)
Bruxelas tem uma avenida cheia de barzinhos, uns ligados nos outros, cada um com inúmeros tipos de cerveja. Passar de dia por lá e tomar uma é bem agradável, mas é à noite que todo gato é pardo, meu bem. Experiência que você tem que viver. ;)
Com algum tempinho de casa e, entendendo bem mais de francês do que quando cheguei, posso finalmente comentar um pouquinho sobre o cinema daqui. Confesso que a ideia e pedido de post veio do meu melhor amigo na facul (e super leitor assíduo/comentador), o Pedro (oie!); mas aproveito para dedicar meus pensamentos débutants (e nada técnicos, pardon!) a 3 outros amigos cinéfilos: Marcelo (que tem seu próprio blog sobre o assunto), Ricardo e Almada. Bem-vindos ao maravilhoso mundo do cinema francês (que eu experimentei).
Lição número 1, de cara:todo mundo fuma. Na ficção (os cigarros aparecem em 80% dos filmes franceses) e na realidade. Cof, cof.
#2 Eu não sou maluco
Há quem ache a dinâmica do enredo francês um tanto quanto difícil de entender. Já recomendei o clássico apaixonante (que não me canso de rever) Amélie Polain para gente que o achou incoerente e, pasmem, entediante. Poxa, eu tinha recomendado com tanto brilho no olhar haha...
Revelo que mesmo entre os nativos, há sempre essa piadinha de "cinema francês maluco", de histórias sem pé nem cabeça, mas acho que isso foi mais uma vibe antiga que infelizmente colou. Já o que ficou com certeza foi a maneira de inovar. O povo do biquinho não gosta de histórias óbvias, muito menos de finais óbvios (confesso que muitas vezes você demora uns minutos vendo os créditos passarem para finalmente entender o que aconteceu) e eu adoro essa não obviosidade (licença poética da palavra). Nota: entender o filme no idioma original também é um grande passo para entender sua história na real. Fez toda a diferença para mim #fato. #3 Tenho orgulho do meu país
O cinema aqui é surpreendentemente dinâmico. A quantidade de filmes franceses em cartaz toda semana é inacreditável e, o mais legal é que todo mundo vê e comenta. Felizmente nosso querido Brasil está caminhando para a mesma popularidade cinematográfica. =D
Para ter uma ideia, em 2010, meu segundo país favorito teve 206.5 milhões de ingressos vendidos e 215.6 milhões no ano passado (3º país com maior bilheteria, atrás dos EUA e Índia). Foram 261 filmes produzidos só em 2010. Ouuf. (Dados wikipedia).
#4 Peraí, eu já não te conheço?
Você praticamente sempre vê os mesmos atores em todos os filmes franceses. Queridinhos (e bem pagos): Audrey Tatou (claro! *__*), Jean Dujardin, Sophie Marceau, Gad Elmaleh (gosto muito como comediante), Kad Merad, Guillaume Canet (oh mon Dieu, meninas olhem esse moço. Pode com ou sem parfum, não importa), Mathilde Seigner, Marion, Cotillard, Jean Reno, François Cluzet, Marina Hands, Mélanie Laurent (super bonita, meninos), Gérard Lanvin, Anne Marivin, Vincent Cassel, François-Xavier Demaison, Gilles Lellouche (adoro!), Laurent Lafitte e tantos outros que não cabe aqui.
#5 Tá, então prova que é bom, pois é isso que me interessa Tassiá. D'acc. Meu humilde gosto pessoal exposto aqui, dos filmes que vi em terras francesas.
TOP 4 PREFERIDOS "atuais":
1- Camille Redouble
Um filme emocionante (de francês difícil, mas eu já entendo \o/) que vi ontem mesmo e se tornou um dos meus preferidos. É a história de uma mulher de 40 anos, alcoólatra, em crise no casamento e na vida pessoal (mas com as melhores amigas do mundo), que tem a "oportunidade" de reviver seus 16 anos. Será que ela conseguirá mudar o seu passado? Tentar ela vai. Tocante, apaixonante.
A história de um refinado, mas retraído multimilionário que precisa de cuidados de enfermagem e acaba contratando um senegalês muito exótico e nada enfermeiro, que muda a sua vida por completo. Emoção, drama, sentimento e muiiiito riso.
Fofo. O filme se passa na década de 20 e relata a decadência do cinema mudo. Perfeito para quem não fala francês haha =P. Mignon, envolvente, com um cachorro lindo que devia ter ganhado Oscar também haha.
Sabe o "Simplesmente amor"? Então, mesmo estilo: várias histórias, de diferentes níveis sentimentais, mas a diferença é que nesse aqui o amor é passado para trás. Será que todo mundo é/foi/será infiel?
Outros simpáticos desse ano: Un bonheur n'arrive jamais seul (comédia romântica bonitinha), Le prénom (comédia interessante, francês dificuldade média/fácil), Zarafa (animação, tocante, teoricamente para crianças). Vi também alguns outros, mas que não recomendo particularmente, o que nos leva para old times: